Centrismo radical
Centrismo radical (também chamado de centro radical ou meio radical) é um conceito que surgiu em nações ocidentais no final do século XX. Inicialmente, seu significado era amplo e impreciso, mas, no início do século XXI, vários textos de cientistas políticos contribuíram para esclarecer a sua definição.[1][2]
O radical no termo refere-se à uma vontade por parte da maioria dos centristas radicais de promover uma reforma fundamental das instituições,[3] não extremismo. O centrismo refere-se a uma crença que soluções genuínas exigem realismo e pragmatismo, não apenas idealismo e emoção.[4]
Um texto centrista radical define o centrismo radical como "idealismo sem ilusões",[5] uma frase originária de John F. Kennedy.[6] Os centristas radicais emprestam ideias da esquerda e da direita política, muitas vezes fundindo-as.[7] Muitos apoiam soluções baseadas na economia de mercado para problemas sociais, com forte supervisão governamental do interesse público.[8] Há apoio para um maior envolvimento global e para o crescimento de uma classe média capacitada em países em desenvolvimento.[9]
No Brasil, a expressão radical de centro foi utilizada pelo senador Antonio Anastasia em uma de suas colunas de opinião na Folha de S.Paulo,[10] com objetivo de definir a necessidade da adoção de posturas políticas moderadas e não extremistas no país. Para fundamentar sua asserção, o político invocou o ditado romano In medio virtus (literalmente: 'A virtude encontra-se ao centro'), citando exemplos históricos de países que abandonaram o extremismo político e conseguiram alcançar o desenvolvimento socioeconômico.[10]
Uma crítica comum ao centrismo radical é que as suas políticas são apenas marginalmente diferentes das políticas centristas convencionais.[11] Alguns observadores vêem o centrismo radical como principalmente um processo de catalisação do diálogo e do pensamento ainda fresco entre pessoas e grupos polarizados.[12]
Influenciadores e percursores
[editar | editar código fonte]Algumas influências na filosofia centrista radical não são diretamente políticas. Robert C. Solomon, um filósofo com interesses centristas radicais,[13] identifica uma série de conceitos filosóficos que apoiam o equilíbrio, a reconciliação ou a síntese, inclusive o conceito de Confúcio de ren, ou o conceito de Aristóteles de meio-termo, o humanismo de Erasmo de Roterdão e Michel de Montaigne, a visão evolutiva da história de Giambattista Vico, o pragmatismo de William James e John Dewey, e a integração dos opostos de Aurobindo Ghose.[14]
No entanto, as influências e precursores mais comumente citados são da esfera política. Por exemplo, político britânico centrista radical Nick Clegg considera-se herdeiro do teórico político John Stuart Mill, do ex-primeiro-ministro Liberal David Lloyd George, do economista John Maynard Keynes, do reformador social William Beveridge e ex-líder do Partido Liberal Jo Grimond.[15] O movimento por imposto único e subsequente movimento georgista, iniciado pelo jornalista e teórico político do século XIX Henry George com seu trabalho marcante Progresso e Pobreza, há muito que atrai pensadores e ativistas de todos os lados do espectro político. Em seu livro Independent Nation (2004), John Avlon discute os precursores do centrismo político dos EUA no século XXI, incluindo o presidente Theodore Roosevelt, o juiz da Suprema Corte Earl Warren, o senador Daniel Patrick Moynihan, a senadora Margaret Chase Smith e o senador Edward Brooke.[16] O escritor centrista radical Mark Satin aponta influências políticas de fora da arena eleitoral, incluindo o pensador comunitarista Amitai Etzioni, o editor de revistas Charles Peters, o teórico de gestão Peter Drucker, a teórica de planejamento urbano Jane Jacobs e os futuristas Heidi e Alvin Toffler.[17] Stain chama Benjamim Franklin o Pai Fundador favorito do meio radical desde que ele era "extraordinariamente prático", "extraordinariamente criativo" e conseguiu "fazer com que as facções em guerra e os egos feridos transcendessem suas diferenças".[18]
Fundamentos no final do século XX
[editar | editar código fonte]Definições iniciais
[editar | editar código fonte]Segundo o jornalista William Safire, o termo "meio radical" foi cunhado por Renata Adler, uma redatora da equipe do The New Yorker. Na introdução de sua segunda coleção de ensaios, Toward a Radical Middle (1969), ela apresentou o conceito como um radicalismo de cura.[19] Adler disse que rejeitou a postura violenta e retórica da década de 1960 em favor de tais valores "piegas" como "razão, decência, prosperidade, dignidade e contato humano".[20] Ela pediu a "reconciliação" da classe trabalhadora branca com os afro-estadunidenses.[21]
Na década de 1970, o sociólogo Donald I. Warren descreveu o centro radical como consistindo daqueles "radicais americanos do meio" que suspeitavam do Estado grande, da mídia nacional e dos acadêmicos, bem como de pessoas ricas e corporações predatórias. Embora possam votar em partidários democratas ou partidários republicanos, ou em populistas como George Wallace, sentiam-se politicamente sem abrigo e procuravam líderes que abordassem as suas preocupações.[22]
Nas décadas de 1980 e 1990, diversos autores contribuíram com seus entendimentos para o conceito de centro radical. Por exemplo, a futurista Marilyn Ferguson adicionou uma dimensão holística ao conceito quando disse: "[O] centro radical ... não é neutro, nem intermediário, mas uma vista de todo o caminho".[23] O sociólogo Alan Wolfe localizou a parte criativa do espectro político no centro: "Os extremos da direita e da esquerda sabem onde estão, enquanto o centro fornece o que é original e inesperado".[24] O teórico afro-estadunidense Stanley Crouch incomodou muitos pensadores políticos quando se declarou um "pragmático radical".[25] Crouch explicou: "Afirmo tudo o que penso que tem mais chances de funcionar, de ser ao mesmo tempo inspirador e não sentimental, de raciocinar entre as categorias de falsa divisão e além do chamariz da raça".[26]

Em 1995, em sua influente[27] matéria de capa para o Newsweek "Stalking the Radical Middle", o jornalista Joe Klein descreveu os centristas radicais como mais irritados e frustrados do que os partidários democratas e republicanos convencionais. Klein disse que eles compartilham quatro grandes objetivos: eliminar o dinheiro da política, equilibrar o orçamento, restaurar a civilidade e descobrir como administrar melhor o governo. Ele também disse que suas preocupações estavam alimentando "o que está se tornando um movimento intelectual significativo, nada menos do que uma tentativa de substituir as noções tradicionais de liberalismo e conservadorismo".[28]
Relações com a Terceira Via
[editar | editar código fonte]Em 1998, sociólogo britânico Anthony Giddens afirmou que o centro radical é sinônimo da Terceira Via.[29] Para Giddens, conselheiro do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e para muitos outros atores políticos europeus, a Terceira Via é uma forma reconstituída de social-democracia.[30]
Alguns pensadores centristas radicais não equiparam o centrismo radical à Terceira Via. Na Grã-Bretanha, muitos não se consideram sociais-democratas. Mais proeminentemente, o político britânico centrista radical Nick Clegg deixou claro que não se considera herdeiro de Tony Blair, e Richard Reeves, conselheiro de longa data de Clegg, rejeita enfaticamente a social-democracia.[31]
Nos EUA, a situação é diferente porque o termo Terceira Via foi adotado pelo Conselho de Liderança Democrata e outros partidários democratas moderados.[32] No entanto, a maioria dos centristas radicais dos EUA também evita o termo.[33] A introdução de Ted Halstead e Michael Lind à política centrista radical não menciona isso e Lind posteriormente acusou os partidários democratas moderados organizados de se aliarem à centro-direita e Wall Street. Os centristas radicais expressaram consternação com o que consideram uma "divisão da diferença",[28] "triangulação"[34] e outras supostas práticas do que alguns deles chamam de "o meio mole".[35][36]
Visão geral no século XXI
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Os primeiros anos do século XXI viram a publicação de quatro introduções à política centrista radical: Ted Halstead e Michael Lind com The Radical Center (2001), Matthew Miller com The Two Percent Solution (2003), John Avlon com Independent Nation (2004) e Mark Satin com The Radical Middle (2004).[37][38] Esses livros tentaram levar o conceito de centrismo radical para além do estágio de "gestos cautelosos"[39] e observação jornalística, e defini-lo como uma filosofia política.[7]
Os autores vieram de diversas origens políticas: Avlon tinha sido um redator de discursos para o prefeito partidário republicano de Nova Iorque Rudy Giuliani;[40] Miller foi consultor de negócios antes de servir como presidente no escritório de orçamento de Bill Clinton;[41] Lind foi um expoente do "nacional-liberalismo" no estilo de Harry Truman;[42] Halstead dirigiu um think tank Redefining Progress;[43] e Satin co-elaborou a declaração política fundamental do Partido Verde dos EUA, Ten Key Values.[44] No entanto, há um vínculo geracional: todos esses autores tinham entre 31 e 41 anos quando seus livros foram publicados (exceto Satin, que estava perto dos 60 anos).
Embora os quatro livros não falem a uma só voz, entre eles expressam suposições, análises, políticas e estratégias que ajudaram a definir os parâmetros para o centrismo radical como uma filosofia política do século XXI:
Pressupostos
[editar | editar código fonte]- Os nossos problemas não podem ser resolvidos girando os mostradores; são necessárias reformas substanciais em muitas áreas;[45][46]
- Resolver os nossos problemas não exigirá infusões massivas de dinheiro novo;[47][48]
- No entanto, resolver os nossos problemas exigirá recorrer às melhores ideias da esquerda e da direita, onde quer que sejam encontradas;[4][48]
- Também exigirá ideias criativas e originais – pensando fora da caixa;[49][50][51]
- Tal pensamento não pode ser divorciado do mundo como ele é, ou de entendimentos temperados da natureza humana. É necessária uma mistura de idealismo e realismo.[52] "Idealismo sem realismo é impotente", diz John Avlon. "O realismo sem idealismo é vazio".[4]
Análise
[editar | editar código fonte]- A América do Norte e a Europa Ocidental entraram na economia da Era da Informação, com novas possibilidades que mal estão sendo aproveitadas;[53][54]
- Nesta nova era, uma pluralidade de pessoas não é de esquerda nem conservadora, mas independente[55] e procurando avançar em uma direção mais apropriada;[56]
- No entanto, os principais partidos políticos estão empenhados em ideias desenvolvidas numa época diferente; e não estão dispostos ou são incapazes de abordar o futuro de forma realista;[57][58]
- A maioria das pessoas na Era da Informação deseja maximizar a quantidade de escolha que têm em suas vidas;[59][60]
- Além disso, as pessoas insistem que lhes seja dada uma oportunidade justa de ter sucesso no novo mundo em que estão a entrar.[60][61]
Políticas gerais
[editar | editar código fonte]- Um compromisso primordial com responsabilidade fiscal,[47] mesmo que isso implique teste de elegibilidade para programas sociais;[62][63]
- Um compromisso primordial com a reforma da educação pública, seja equalizando as despesas em distritos escolares,[64] oferecendo escolha escolar,[65] contratando melhores professores[66] ou capacitando os diretores e professores que já temos;[67]
- Um compromisso com soluções baseadas no mercado para saúde, energia, meio ambiente, etc., desde que as soluções sejam cuidadosamente regulamentadas pelo governo para atender o bem público.[68][69] O objetivo político, diz Matthew Miller, é "aproveitar as forças do mercado para fins públicos";[8]
- Um compromisso de proporcionar emprego a todos os que estejam dispostos a trabalhar, seja subsidiando empregos no setor privado[70] ou criando empregos no setor público;[71]
- Um compromisso baseado nas necessidades e não em ação afirmativa baseada em raça;[72][73] de forma mais geral, um compromisso com ideais neutros em termos raciais;[74]
- Um compromisso de participar em instituições e processos de governança global; e ser de assistência genuína às pessoas das nações em desenvolvimento.[9][75]
Estratégia
[editar | editar código fonte]- Uma nova maioria política pode ser construída, quer seja em grande parte pelos políticos independentes de Avlon,[76] as "pessoas carinhosas" de Satin,[77] os indivíduos equilibrados e pragmáticos de Miller,[48] ou a tríade de eleitores insatisfeitos, líderes empresariais esclarecidos e jovens de Halstead e Lind;[78][79]
- A liderança política nacional é importante; o ativismo local e sem fins lucrativos não é suficiente;[80][81]
- A reforma do processo político também é importante; por exemplo, a implementação de votação por ordem de colocação nas eleições e a disponibilização de anúncio eleitoral financiado pelo público na mídia;[82][83]
- Deveria ser criado um partido centrista radical, assumindo que um dos principais partidos não pode ser simplesmente conquistado por pensadores e ativistas centristas radicais;[58]
- Entretanto, candidaturas particulares de independentes, partidos maiores ou de partidos alternativos aos partidos dominantes devem ser apoiadas.[84][85]
Criação e disseminação de ideias
[editar | editar código fonte]Juntamente com a publicação das quatro visões gerais da política centrista radical, a primeira parte do século XXI assistiu a um aumento na criação e disseminação das ideias políticas centristas radicais.[7]
Think tanks e mídia de massa
[editar | editar código fonte]Vários think tanks desenvolvem ideias centristas radicais. No início dos anos 2000, esses incluíam o think tank Demos na Grã-Bretanha; o Cape York Institute for Policy and Leadership na Austrália; e o New America (anteriormente New America Foundation) nos EUA. O New America foi iniciado por autores Ted Halstead e Michael Lind, assim como outros dois, para levar ideias centristas radicais a jornalistas e investigadores políticos de Washington, DC.[43]
Na década de 2010, novos think tanks começaram a promover ideias centristas radicais. Radix: Think Tank for the Radical Centre foi criado em Londres em 2016; seu conselho de administração inicial incluía o ex-líder do Liberais Democratas Nick Clegg.[86] Escrevendo no The Guardian, o diretor de política do Radix David Boyle apelou a "ideias grandes e radicais" que pudessem romper tanto com o "conservadorismo gotejante" como com o "socialismo retrógrado".[87] Em 2018, um documento político divulgado pelo então recente think tank Niskanen Center de Washington, DC, foi caracterizado como um "manifesto pelo centrismo radical" pelo escritor do portal Big Think Paul Ratner.[88] De acordo com Ratner, o documento – assinado por alguns executivos e analistas políticos de Niskanen – é uma tentativa de "incorporar posições ideológicas rivais num caminho adiante" para os EUA.[88]
Uma perspectiva centrista radical também pode ser encontrada nos principais periódicos. Nos EUA, por exemplo, o The Washington Monthly foi iniciado pelo pensador centrista radical Charles Peters[89][90] e muitas revistas de grande circulação publicam artigos de bolsistas do New America. Os colunistas que escreveram a partir de uma perspectiva centrista radical incluem John Avlon,[91] Thomas Friedman,[92] Joe Klein[93] e Matthew Miller.[94] Os jornalistas proeminentes James Fallows e Fareed Zakaria foram identificados como centristas radicais.[7]
Na Grã-Bretanha, a revista de notícias The Economist posiciona-se como centrista radical. Um editorial em 2012 declarou em negrito: "É necessária uma nova forma de política centrista radical para combater a desigualdade sem prejudicar o crescimento econômico".[95] Um ensaio sobre o The Economist no ano seguinte, introduzido pelo editor, argumenta que a revista sempre "veio ... do que gostamos de chamar de centro radical".[96]
Livros sobre temas específicos
[editar | editar código fonte]Muitos livros oferecem perspectivas centristas radicais e propostas políticas sobre temas como política externa, ambientalismo, alimentação e agricultura, insucesso entre minorias, mulheres e homens, burocracia e excesso de regulamentação, economia, relações internacionais, diálogo político, organização política e o que uma pessoa pode fazer.
- Em Ethical Realism (2006), o liberal britânico Anatol Lieven e conservador estadunidense John Hulsman defenderam uma política externa baseada na modéstia, nos princípios e nos vendo como os outros nos veem.
- Em Break Through (2007), os estrategistas ambientais Ted Nordhaus e Michael Shellenberger do Breakthrough Institute apelam aos ativistas para que se sintam mais confortáveis com o pragmatismo, a alta tecnologia e as aspirações à grandeza humana;
- Em Food from the Radical Center (2018), o ecologista Gary Paul Nabhan propõe políticas agrícolas destinadas a unir a esquerda e a direita, bem como a melhorar o abastecimento alimentar;
- Em Winning the Race (2005), o linguista John McWhorter diz que muitos afro-estadunidenses são afetados negativamente por um fenômeno cultural que ele chama de "alienação terapêutica";
- Em Unfinished Business (2016), Anne-Marie Slaughter do New America repensa os pressupostos feministas e apresenta novas visões de como mulheres e homens podem florescer;
- Em Try Common Sense (2019), o advogado Philip K. Howard insta o governo nacional a estabelecer metas e padrões amplos e a deixar a interpretação para aqueles mais ao solo;
- Em The Origin of Wealth (2006), Eric Beinhocker do Institute for New Economic Thinking retrata a economia como um sistema evolutivo dinâmico, mas imperfeitamente autorregulado, e sugere políticas que poderiam apoiar uma evolução socioeconômica benigna;
- Em How to Run the World (2011), estudioso Parag Khanna argumenta que a ordem mundial emergente não deve ser executada de cima para baixo, mas por uma "galáxia" de sem fins lucrativos, atores do Estado-nação, corporativos e individuais cooperando para benefício mútuo;
- Em The Righteous Mind (2012), psicólogo social Jonathan Haidt diz que só poderemos conduzir um diálogo político útil depois de reconhecermos os pontos fortes da forma de pensar dos nossos oponentes;
- Em Voice of the People (2008), o ativista conservador Lawrence Chickering e o advogado liberal James Turner tenta lançar as bases para uma base um movimento "transpartidário" pelos EUA;
- Em suas memórias Radical Middle: Confessions of an Accidental Revolutionary (2010), o jornalista sul-africano Denis Beckett tenta mostrar que uma pessoa pode fazer a diferença numa situação que muitos podem considerar desesperadora.
Como diálogo e processo
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Alguns centristas radicais, como o teórico Tom Atlee,[51] o mediador Mark Gerzon[97] e o ativista Joseph F. McCormick,[51] veem o centrismo radical como principalmente um compromisso com o processo.[51][98] A abordagem deles é facilitar processos de diálogo estruturado entre pessoas e grupos polarizados, do nível de bairros em diante.[51][99] Um dos principais objetivos é permitir que os participantes no diálogo apresentem novas perspectivas e soluções que possam abordar os interesses fundamentais de cada parte. O autor de Onward Christian Athletes Tom Krattenmaker fala do centro radical como um espaço (metafórico) onde tal diálogo e inovação podem ocorrer.[12] Da mesma forma, a autora de The Lipstick Proviso: Women, Sex, and Power in the Real World Karen Lehrman Bloch fala do meio radical como um "termo comum" onde a esquerda e a direita podem "nutrir uma sociedade mais sã".[100]
Nos EUA, organizações que buscam catalisar o diálogo e a inovação entre diversas pessoas e grupos incluíram o AmericaSpeaks,[101] o C1 World Dialogue,[102] o Everyday Democracy,[103] o Listening Project (da Carolina do Norte),[104] o Living Room Conversations,[105][106] o Public Conversations Project,[51][107] o Search for Common Ground[108] e o Village Square.[105] Organizações específicas para estudantes universitários incluem o BridgeUSA[109][110] e o Sustained Dialogue.[109] A cidade de Portland, Óregon, foi caracterizada como do "meio radical" no jornal USA Today porque diz-se que muitos grupos anteriormente antagônicos conversam, aprendem e trabalham uns com os outros.[12]
Em 2005, a revista The Atlantic retratou clérigo islâmico egípcio Ali Gomaa como a voz de uma forma emergente de islã radical – "tradicionalismo sem extremismo".[111] Em 2012, num artigo intitulado "O Meio Radical: Construindo Pontes Entre os Mundos Muçulmano e Ocidental",[102] Gomaa compartilhou sua abordagem ao processo do dialógico:
"O objetivo do diálogo não deve ser converter os outros, mas sim partilhar com eles os próprios princípios. O diálogo sincero deve fortalecer a própria fé e, ao mesmo tempo, quebrar barreiras. ... O diálogo é um processo de exploração e de conhecimento do outro, tanto quanto é um exemplo de esclarecimento das próprias posições. Portanto, quando alguém dialoga com os outros, o que se deseja é explorar as suas formas de pensar, de modo a corrigir equívocos nas nossas próprias mentes e chegar a um campo comum."[112]
Em 2017, ex-jogador de futebol estadunidense e o soldado das Forças Especiais Nate Boyer sugeriu que sua postura de "meio radical" poderia ajudar a solucionar os problemas e resolver a controvérsia em torno dos protestos durante o hino nacional dos EUA nos jogos de futebol.[113][114]
Ver também
[editar | editar código fonte]Referências
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